Meus pais são cearenses e a grande maioria dos meus tios e primos moram em Fortaleza, mas na década de 1990 ficou muito difícil eu ir a essa cidade – no início deste ano, fazia sete anos que isso não acontecia. No fim de março, uma prima se casaria, eu quis muito ir, o que aconteceu graças ao empenho de duas irmãs desta – Valéria, a prima mais ligada a mim e que se propôs a me hospedar e cuidar de mim (o que não foi necessário, pois fiquei no apartamento de um tio com meu irmão Douglas), e Eva, que conseguiu minha passagem de ida de graça.
Como não podia alugar e muito menos comprar um paletó, eu ia de calça social e camisa de mangas cumpridas, mas no dia me arranjaram paletó, camisa branca, gravata e cinto, tudo na minha medida. Valéria fez a maior festa, um espalhafato na frente da igreja quando me viu, gritando “Juju” – um modo de me chamar que abomino –, pulando e balançando os braços como se estivesse num show. O padre chamou atenção por ser muito bem humorado e as músicas foram bem modernas – p. ex., a primeira foi Mis Saravejo do U2. Na hora do lançamento do cravo do noivo, Valéria simplesmente me arrastou – com ajuda de Douglas – para lá, o noivo mirou em mim, acertou no meu peito, Douglas o apanhou do chão e colocou no meu bolso – que sacanagem, foi o maior mico da minha vida!!! Como se não bastasse, algum tempo depois os dois me arrastaram de novo, dessa vez para a pista de dança – que vergonha! Havia quatro ou cinco pessoas do grupo com o qual brinquei o carnaval de 1989, todas lembraram dos porres e outras estripulias que aprontei naquela ocasião, sendo que um primo distante ficou falando repetidamente do assunto sem que eu, agoniado, conseguisse fazê-lo entender que tais coisas não são do conhecimento geral, inclusive no momento em que meus pais chegaram a nossa mesa para se despedir – felizmente, estes não entenderam do que se tratava. Foi divertidíssimo!